Recuso-me... Rejeito-me... Não posso ser igual aos outros,
tenho minhas características próprias e acabo sendo um universo inteiro dentro
de um único ser, pois sou completo em toda minha incompletude defeituosa, com
fragmentos imperceptíveis de qualidades e oceanos sangrando em defeitos, sou
simplesmente eu... Não sou único apenas por me aceitar com atômico, assim sou
por também concordar com todos os traços biologicamente restritivos: desde o
desditoso desenho de minha iris defeituosa, porém minha, até a repulsiva marca
digital que se propaga em meus dedos... Sou único como cada sol que ilumina a
Terra, sou ainda tão singular como cada grito dado em um ato de fúria, cada
riso solto em um punhado de alegria, sou unitário como o mais vazio dos
conjuntos onde o único elemento a ser aceito é o próprio nada que o compõe... Imerso
em sonhos rejeitados pelas desavenças da vida externa e da minha nebulosa
mental, sua atitude comunitária agora me causa repulsa, seu plural me causa
náusea como a mais fétida das amostras de metano. Isso por que sou único, por
ignorar a relevância de uma pluralização, de uma mutualização paradoxalmente
predatória. Sou único e desarranjadamente sem nexo, sem um sentido, mas ainda
assim sou a mais bela das artes, pois nenhuma lógica se atreve a me domar ou
estabelecer regras, quebrei essa algemas de conformidade em relação a massa,
sou único como o olhar do irmão na atenção da conversa, sou único como a gota
de chuva pingada, derramada, esquecida, maltratada, ignorada, não vivida. Sou
apenas único em minha totalidade... Mas tenho duas mãos, ainda que singulares
são constituintes da mesma coisa... Como meu braço... Pernas... Corpo... Sendo
assim sou o resultado de inumeráveis átomos orgânicos que unidos formam um
arranjo molecular levemente pensativo... Destinado a se cegar na
singularidade... Sou só, único... Mas vivo com milhões de vidas dentro de mim (
biológicas ou espirituais ), parasitas,
vermes, lembranças, lagrimas e sorrisos, sou estranho... Como posso ser
singular se sou tão preenchido de indivisíveis partes divisíveis? E todos esses
fios de cabelos iguais um ao outro? E todos esses passos dados, seguindo a
mesma cadencia repulsivamente militar? Sou tão exclusivo mas acabo por ser a
junção de várias pequenas partes que findam em matéria negra... Ou seriam
pequenas cordas? Um incômodo
deliciosamente duvidoso habita minha mente nesse momento... Sendo tão uno e tão
vulgarmente um, acabo por voltar a ser um control três em plena área de
transferência da área de trabalho da humanidade... Isso por que se não sou
replica do outro ser sou na verdade, replica de mim mesmo. Código complicado,
complicado, desastrado e debugado, singularmente.....Replicado
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