1 de março de 2014

Control Oito

Recuso-me... Rejeito-me... Não posso ser igual aos outros, tenho minhas características próprias e acabo sendo um universo inteiro dentro de um único ser, pois sou completo em toda minha incompletude defeituosa, com fragmentos imperceptíveis de qualidades e oceanos sangrando em defeitos, sou simplesmente eu... Não sou único apenas por me aceitar com atômico, assim sou por também concordar com todos os traços biologicamente restritivos: desde o desditoso desenho de minha iris defeituosa, porém minha, até a repulsiva marca digital que se propaga em meus dedos... Sou único como cada sol que ilumina a Terra, sou ainda tão singular como cada grito dado em um ato de fúria, cada riso solto em um punhado de alegria, sou unitário como o mais vazio dos conjuntos onde o único elemento a ser aceito é o próprio nada que o compõe... Imerso em sonhos rejeitados pelas desavenças da vida externa e da minha nebulosa mental, sua atitude comunitária agora me causa repulsa, seu plural me causa náusea como a mais fétida das amostras de metano. Isso por que sou único, por ignorar a relevância de uma pluralização, de uma mutualização paradoxalmente predatória. Sou único e desarranjadamente sem nexo, sem um sentido, mas ainda assim sou a mais bela das artes, pois nenhuma lógica se atreve a me domar ou estabelecer regras, quebrei essa algemas de conformidade em relação a massa, sou único como o olhar do irmão na atenção da conversa, sou único como a gota de chuva pingada, derramada, esquecida, maltratada, ignorada, não vivida. Sou apenas único em minha totalidade... Mas tenho duas mãos, ainda que singulares são constituintes da mesma coisa... Como meu braço... Pernas... Corpo... Sendo assim sou o resultado de inumeráveis átomos orgânicos que unidos formam um arranjo molecular levemente pensativo... Destinado a se cegar na singularidade... Sou só, único... Mas vivo com milhões de vidas dentro de mim ( biológicas ou espirituais ),  parasitas, vermes, lembranças, lagrimas e sorrisos, sou estranho... Como posso ser singular se sou tão preenchido de indivisíveis partes divisíveis? E todos esses fios de cabelos iguais um ao outro? E todos esses passos dados, seguindo a mesma cadencia repulsivamente militar? Sou tão exclusivo mas acabo por ser a junção de várias pequenas partes que findam em matéria negra... Ou seriam pequenas cordas?  Um incômodo deliciosamente duvidoso habita minha mente nesse momento... Sendo tão uno e tão vulgarmente um, acabo por voltar a ser um control três em plena área de transferência da área de trabalho da humanidade... Isso por que se não sou replica do outro ser sou na verdade, replica de mim mesmo. Código complicado, complicado, desastrado e debugado, singularmente.....Replicado

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