7 de setembro de 2014

Depoimentos da Metalurgia



Finalmente eu consegui colocar a função mais importante do pergaminho pra funcionar: Fazer com que outras pessoas pudessem escrever um pouco para todos vocês andarilhos. O texto de hoje é da autoria da minha grande amiga Yolanda Motta. Ela cursa engenharia metalúrgica, e eu resolvi pedir uma ajudinha dela pro usina, afinal quem mais para falar de metal da maneira mais humana possível que os próprios seguidores de Hefesto? Obrigado minha amiga!]



Fonte: google

Eu, metal


E se o meu coração fosse de metal? E se eu resistisse a tudo e a todos? E se eu pudesse soldar todas as minhas feridas?

Certamente eu seria à prova de tudo. Estaria segura da minha capacidade anti-tristeza, estaria imune a decepções, seria invencível. Seria perfeito, não seria?! Poder conduzir com maestria as correntes da vida, moldar o presente, agregar brilho ao futuro. Mas, ainda assim, eu seria apenas um elemento. Uma substância, dentre várias, nessa solução heterogênea do existir. Teria uma vida quase que constantemente prata ou amarelada. E as outras cores? Onde estariam? Minha vida seria uma paleta de cores limitadas. Em algum momento eu precisaria fugir dessa fase solitária. Tarefa difícil, pois necessito de muita energia para tal feito. E se eu precisasse de outros atributos? De nada eu valeria sozinha. Precisaria de um ou mais elementos para compor uma liga metálica, pois só assim eu alcançaria as características desejadas.

Não sou metal, mas eu bem queria ser. Talvez a minha angústia em achar que não sirvo pra nada, fosse compensada pela infinidade de utilidades que eu poderia ter. Porém, não teria eu um valor sentimental para alguém, mas sim um valor monetário. Seria vendida em escala, passaria por processos automáticos, teria um futuro incerto. Se eu fosse metal, nada seria sozinha, precisaria de outros para ser melhor. Se eu fosse metal, seria explorada até o meu fim, sem direito a contestação. Se eu fosse metal, eu seria o futuro da nação, e o fim de mim mesma.

Muitos têm levado a vida como um metal. Considerando-se inúteis para si mesmos, porém sendo valiosos para os outros. Muitos tem se contentado com o simples fato de existir, de servir aos outros... Ao invés de demonstrar o brilho próprio. Comercializar o amor é uma realidade, viver o amor é uma utopia. Mas... O homem de lata queria ter um coração... Por que você não?



O valor do metal

Sou feito de metal
Forjado e aquecido pelas mãos do deus Hefesto
Moldado e esculpido pelo seu mais singelo gesto
Porém afiado para ser letal

Passo despercebido
Pouco sabe quem sou
Porém não me vou
Não posso ser destruído

Trinta de mim valeram a vida do Salvador
Financiei a escravidão
Fica então a questão:
Posso mesmo comprar a dor?!

Não sou mera mitologia
Conduzo a luz do teu dia-a-dia
Corro em tuas veias
Sou o instrumento com que ceias

Sou a espada que corta
Sou o abrir e o fechar da porta
Sou o trono em que te sentas
Sou as minas opulentas

E se não te convenço
Da importância que tenho
Imagina o teu dia
Sem a minha companhia

E não importa o que faças
Nem dissipes toda a força que tens
Sou o valor monetário dos teu bens
Sou o que garante as tuas caças


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