16 de junho de 2014

Radioatividade: Bem ou Mal?

Depois de um leve hiato devido às atividades da faculdade, o Usina volta com a Segunda semana de química. O tema que é estudado por muitos e temido por outros vem com o objetivo de não só realçar a origem do blog, como também desmitificar certas coisas a respeito do próprio tema. Sem mais enrolação o papo dessa semana é sobre radiação.

A primeira coisa a ser observada é a própria palavra: Radiação é um termo da área da física e quer dizer a propagação de energia de um ponto a outro no espaço ou num meio material em certa velocidade.  Além disso, é preciso discernir radiação de radioatividade. Este último termo só é valido para a radiação provocada pela liberação de energia proveniente de uma desintegração atômica. Radioatividade também é chamada de radiação nuclear.

Antes de nos delimitarmos em radioatividade quero citar também os outros tipos de radiação: Cósmica, ultravioleta, infravermelha.

A radiação cósmica é a primordial de radiação e é dividida em dois tipos, uma delas possui caráter eletromagnético e ainda que não faça mal diretamente a qualquer ser vivo conhecido, pode atrapalhar o dia-a-dia dos meios de comunicação. Alguns já devem ter ouvido sobre as tempestades solares, são eventos que possuem um elevado índice de radiação. O que muita gente ficou assustada foi com a destruição de qualquer aparelho tecnológico, devido à radiação liberada. O outro tipo de radiação possui um caráter corpuscular, ou seja: é caracterizada por partículas subatômicas como elétrons, nêutrons, prótons, deutérios e partículas alfa e beta. Essa mesma radiação muda de forma ao entrar em contato com nossa atmosfera, sendo formadas por mésons pi (uma partícula atômica) que decaem em múons (uma partícula elementar), elétrons e fótons.

A radiação infravermelha (que não se restringe apenas ao celular) é uma forma produzida por qualquer corpo que emita calor. Tem caráter eletromagnético e não precisando de um meio para se propagar, pode ser percebida por nós pelo espaço. O sol é a maior fonte de radiação infravermelha do nosso sistema solar. Não é ionizante, mas sua interação com algum corpo promove a agitação de suas partículas e conseqüentemente o aumento da temperatura do mesmo e é exatamente por isso que ela é a forma de radiação mais usada pela humanidade.

A radiação ultravioleta, da mesma forma que a infravermelha, também é produzida pelo sol e é eletromagnética, mas a camada de ozônio acaba filtrando a entrada dela em nosso planeta. É a responsável pelo processo de fotossíntese. Essa radiação é dividida em três tipos UVA (a que penetra mais forte em nossa pele causando o bronzeamento), UVB (a que penetra a nível médio causando algumas queimaduras) e UVC que praticamente não penetra nossa pele. De C até A encontram-se os níveis em que a nossa camada de ozônio consegue bloquear sendo C a mais bloqueada e A a menos bloqueada. Ainda que o sol seja a principal fonte, já possuímos a capacidade de gerar essa radiação, o que pode ser visto nas câmeras de bronzeamento por exemplo.

Mas o foco mesmo é a radioatividade e a influência dela em nossa convivência. Será ela tão perigosa assim? E será que ela é apenas portadora de mal? O mundo atual seria melhor sem a radioatividade?
Antes de começarmos um debate ético-químico precisamos explicar bem as coisas sobre átomos. Imagine que você tem uma bola de massa de modelar, ela é redonda e definida, suponhamos agora que eu num dia não tão bom chegue perto de você e puxe um pedaço da bola. Tanto a massa na minha mão quanto a da sua podem ser moldadas para fazer duas novas (e menores) bolinhas, não é mesmo?

É assim que a radiação nuclear funciona. Um átomo recebe um estimulo que desconstrói a estrutura dele formando dois novos átomos com características completamente diferentes e liberando energia. Esse processo é conhecido como fissão nuclear.

Mas e se ao invés de um dia ruim eu estivesse num dia bom e lhe desse um pote de massa de modelar? Você poderia juntar a bola que possui e simplesmente fazer uma maior!

Da mesma forma podemos unir dois átomos, mesclando os componentes dele e originando outro átomo novo. Esse processo é chamado de fusão nuclear.

Geralmente o estimulo que faz com que esse átomo se desestruture é um bombardeamento de nêutrons. Funciona assim, o átomo está estabilizado e você insere um nêutron nele. O problema é que isso deixa todas as partículas “desorientadas” e o que acaba acontecendo é uma readaptação em novos átomos. Daí o que pode acontecer é isso aqui:



A partir desse evento simples, muitas coisas podem ser usadas no nosso cotidiano. Frutas são conservadas por mais tempo quando recebem, proporcionalmente, quantidades de radiação, que matam algumas bactérias patogênicas. A radioatividade é usada no tratamento de células mutantes (radioterapia), na esterilização de materiais médicos, em diagnósticos, como no raio-x.

Uma grande fonte de energia é a nuclear que por meio de reatores consegue produzir grandes quantidades de energia através da fissão nuclear principalmente do urânio. A grande vantagem é que não há emissão de gases tóxicos como a queima de combustíveis fósseis. O Brasil possui duas usinas que produzem cerca de 4% da demanda elétrica do nosso pais. Uma terceira está sendo construída: Angra três.

Mas tanta energia não causa só bem e nem é usada apenas para benéfico do ser humano. A bomba atômica é um exemplo exponencialmente alto dos malefícios da radioatividade. Partindo do mesmo principio das usinas nucleares a diferença é que a energia não é contida e sim completamente liberada, causando destruição em massa. Um dos exemplos mais fortes foi o caso de Hiroshima e Nagasaki que foram arrasadas por bombas atômicas. O impacto da explosão foi tão forte, que corpos mais próximos tiveram seus átomos de carbono impressos em construções:



Além disso, a usina nuclear é praticamente um perigo constante visto que seus dejetos radioativos devem sem isolados e se ocorrer algum acidente nos reatores, lixo é espalhado por todo local onde se encontra, deixando a área afetada radioativa por anos, talvez décadas.




Vale lembrar que a radiação é emitida por todos os lados, a todo o momento incluindo do notebook que captou esse texto, do autor que o escreveu e de você leitor que está lendo, seu celular possui radiação sua família possui, tudo que exista no universo que tenha calor emanará parte dele, possuindo logo, radiação. O que causa o mal da radiação é a quantidade não o fato de simplesmente existir, o mesmo vale para a radioatividade que só faz mal quando moldada por nossas mãos para isto fazer.

Como funciona a radiação (how stuff works)?
Significado de radiação.
Radiação e Radioatividade.

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