31 de março de 2014

Corpos Celestes

É fato que ao olharmos para o céu identificamos algumas coisas mas outras passam despercebidas, sobre uma análise mais descontraída vamos ver alguns tipos de corpos celestes?

Planetas: A primeira coisa que pensamos quando vemos astronomia é em planeta não é verdade? Mas por acaso você sabia que o sistema solar só possui quatro planetas sólidos? Esses são chamados planetas telúricos: Mercúrio, Vênus, Terra e Marte. Baixa gravidade é uma característica deles, mas parando pra analisar porque os planetas sólidos são os primeiros?

Vamos para isso pensar no seu belíssimo café da manhã, suponhamos que você tome um leite com achocolatado e exagerou um pouco na dose, percebeu que ficaram algumas bolinhas de pó na superfície, não é mesmo? Se você pegar uma colher e mexer um pouco vai ver que as maiores bolinhas vão ficar no centro. Isso não é algo do além e acontece pela força centrípeta que puxam essas bolinhas para o centro e tudo mais. Assim é no universo ( obviamente com bem menos cacau), os corpos de maior massa tendem a ficar no centro e os mais leves, mais distantes. Mas são puxados no centro por quem? Bem, pelo sol, como se ele fosse uma grande colher gigante mexendo nosso sistema solar.

Analogias esdrúxulas a parte, a gravidade é realmente importante, principalmente pelo seu tamanho, sendo o próprio tamanho justificado pela massificação completa do corpo. Um detalhe para a Terra que é o planeta telúrico de maior gravidade.

Os outros quatro são planetas gasosos que possuem na verdade um núcleo sólido, mas que se tornam gigantes devido a sua camada gasosa sendo constituída basicamente de componentes como o hélio, o hidrogênio e o metano. Todos eles possuem pontos gravitacionais altíssimos e outros eventos estranhos que tornam a vida humana praticamente impossível. Os matérias que os compõem geralmente são muito parecidos com os que compunham o inicio do nosso sistema solar (a nebulosa primordial ).

Estrelas: O que nós observamos em grande parte são corpos constituídos de gás ionizado, cuja fonte de energia é derivada de múltiplas reações de fusão nuclear são de padrões tão diferentes e complexos que seria necessário um post só para elas, já que falar de estrela é como falar de ser humano, cada uma possui suas diferenças. Com o tempo a humanidade passou a juntá-las em alguns conjuntos denominados constelações ou de asterimos (um caso de maior aglomerado), há casos de corpos que não são estrelas e que são erroneamente assim chamados ( Vênus por exemplo é chamado de estrela d’alva, mas é um planeta) e sua complexidade é tão grande que existem estrelas mais quentes, outras mais frias, outras que já explodiram, outras que estão sendo destruídas enquanto você lê esse texto, outras minúsculas, outras maiores que nosso sol, outras de formato irregular e assim vai.

Asteroides: O termo "asteroide" deriva do grego "astér", estrela, e "oide", sufixo que denota semelhança. São corpos de orbitas definidas que ficam ao redor do sol, são corpos pequenos mas que sempre surgem de vez ou outra como ameaça a Terra, isso provém do seguinte fato: Eles se originam de um local chamado Cinturão Principal, que fica entre Marte e Júpiter, formando um anel que orbita o Sol, entre as concentrações de asteroides do Cinturão Principal existem regiões vazias que são chamadas de falhas de Kirkwood, nessas regiões um objeto poderia ser acelerado devido ao grande campo gravitacional de Júpiter e mandá-lo a uma órbita diferente, essa modificação na órbita do asteroide provocado pelo campo gravitacional de Júpiter pode tanto fazer o asteroide mergulhar para o planeta gigante como lançá-lo no interior do Sistema Solar onde este pode atravessar a órbita da Terra.

Mas não é motivo pra desespero e descabelamento, pois a chance disso é bem pequena.
Alguns são de rocha, outros de ferro, outros com as duas coisas... Alguns refletem muita luz e outros são praticamente negros (a grande maioria).

Cometas: Pegar carona nessa cauda de cometa Ver a via láctea estrada tão bonita... Saudades dessa música? Pois é, essa carona foi oferecida graças à cauda do cometa que é resultado a atração do próprio corpo com radiação solar e ventos solares, o corpo mesmo é constituído de gelo poeira e pequenos fragmentos rochosos. Quando entra em contato mais próximo do sol começa a manifestar uma atmosfera em torno de si, um pouco mais difusa que o normal, chamada de coma. Algumas vezes possui a tal cauda.

Meteoroide: são um pouco menores que os asteroides, geralmente são fragmentos de cometas ou de asteroides. Quando passam pela atmosfera e entram na Terra são chamados de meteoritos, embora o mais comum é que sejam chamados de estrelas cadentes (aqueles que nós pedimos um desejo), por serem restos de outros corpos que caem em nosso planeta, são muito úteis para a analise do sistema solar.










O universo

Não há como negar que nosso mundo é vasto: vivemos num planeta com cerca de treze mil quilômetros de diâmetro, uma área gigantesca, múltiplas paisagens e com a toda diversificação possível. Mas de onde veio tudo isso? Será que somos realmente tão grandiosos assim? O usina tenta mostrar um pouco sobre a origem do nosso universo e mostrar que o egocentrismo terrestre é uma total mentira.

Todos já devem conhecer que e perceber a história do big bang...Aquele velho papo de um ponto maciço e denso que explodiu e originou uma quantidade de matéria absurda que formou o que nós hoje chamamos de universo. Esse ponto era um agregado muito grande matéria onde não havia espaço entre as partes que compunham esse ponto, esse “embrião” do universo era tão compacto que tinha dimensão zero o que os cientistas chamam de singularidade. De fato ninguém sabe o que existiu antes desse pequeno ponto então sobram muitas idéias em relação a isso, desde o fato de que uma entidade divina tenha feito tudo (alguns acreditam que tal deus criou o big bang, já outros falam que o big bang é uma farsa).

Big bang significa grande explosão( na verdade é um termo errôneo visto que não houve explosão, já que o som não se propaga no vácuo e nem sequer o vácuo existia, e surgiu de um ponto pequeno, não sendo nem Bang e nem Big ), mas essa explosão seria da quantidade de matéria se dispersão assustadoramente, não tem nada de barulho que lembre as explosões que vemos em filmes ou em atentados que a triste raça humana estabelece. Isso por que o som não se propaga no vácuo, mas se na singularidade nem o próprio vácuo existia, ai o negócio complica e fica nítido que não houve nenhum barulho.

Na verdade singularidade é uma coisa paradoxalmente pluralizada, uma vez que várias delas existem hoje mesmo, sim andarilho, essas coisas que formaram todo o universo existem aos montes hoje nós conhecemos com outro nome: BURACOS NEGROS!

Tá, até hoje deve ser um mistério pra muitos como um buraco negro funciona, a única coisa mais comentada é que ele suga tudo. E isso acontece por causa da gravidade. Imaginem que juntássemos vários corpos celestes, centenas de milhares de Terras, por exemplo, ao fazermos isso teríamos o ponto de gravidade de cada uma unindo cada um desses planetas (graças a isso é que temos a organização dos corpos no nosso sistema solar, por exemplo) e a gravidade juntaria a massa de cada um, produzindo mais gravidade atraindo mais massa e assim vai.

No final do processo teríamos em tese uma bola gigante com um campo gravitacional grotesco, que atrairia (ou sugaria como todos chamam) tudo e a primeira coisa que ela atrairia era a si mesmo... Ele ( o buraco negro ) puxa sua massa num processo de autodestruição até a se criar um ponto, uma singularidade. Uma coisa também interessante é afirmar que um buraco negro não tem tempo, isso por que quanto maior a gravidade, mais lento o tempo passa, não entendeu? Suponha que duas pessoas que não se gostem muito estejam no espaço e uma jogue a outra em um buraco negro. A pessoa que está dentro veria o fim das eras: não haveria o colega que o empurrou, nem corpos estelares, nem nada, o universo teria simplesmente esgotado seu tempo, pois veríamos o fim dos tempos, pois enquanto um ficou um segundo no buraco negro, infinitos anos se passaram lá fora. A pessoa que estava fora por sua vez veria um corpo sendo espichado e enrolando-se no buraco negro, perdendo forma e se agregando ao próprio buraco negro. Alguns cientistas acreditam que o principio do nosso universo é simplesmente a singularidade de um buraco negro de outra dimensão, que por sua vez seria criada a partir da singularidade de outro buraco negro de outra dimensão e assim vai, a questão é que isso apenas transfere o problema que não responde o que de fato ocorreu antes do big bang. Acontece que ninguém sabe explicar o que havia antes, nem se havia tempo antes de tudo isso o que torna a pergunta ridícula, do mesmo modo que seria eu perguntar a você andarilho como você era antes de sua célula-ovo. Você simplesmente não existia e o tempo não existia para você. 

Do ponto de vista universal, temos que aquela singularidade que levou a expansão de massas originando Galáxias, com Sistemas solares e com seus devidos planetas, pra mostrar que somos tão insignificantes, compartilho essa imagem com vocês.



E como acabará o universo?
Há quem diga que as forças gravitacionais de cada corpo vão ter como fator resultante a contração e um corpo com o outro, tudo se juntara e formará um buraco negro extremamente massivo com todo o universo, formando uma singularidade. Essa é a teoria da compressão universal ou um principio chamado big crush que será explicado em outra postagem (junto com o big freeze e o big rip).

Por outro lado, pessoas defendem que essa explosão ainda não acabou e o universo está em expansão ainda, mostrando que ainda o processo ou tem duração com tendência ao infinito ou ainda está muito longe de acabar. Essa é a teoria da expasão.
Tantas dúvidas, mas percebemos uma só coisa, somos um nada no meio desse universo.

Fonte:

29 de março de 2014

E o que seria Dark side?

É uma aba mais avulsa sem tanto compromisso assim que conterá um teor mais adulto do que foi abordado antes, os fenômenos mais macabros, estranhos, assustadores estarão aqui. Aos de corações fracos... Bem é melhor não passar muito tempo aqui. Como geralmente o medo provém da falta de informação, geralmente quem entra aqui vem com medo e sai considerado o terror um mero brinquedo.

E o que seria Singularidade?

Demorei, mas achei um nome legal. Pra quem estava sentindo falta de poemas do antigo usina, calma que eu não consegui me separar deles. Os poemas terão um cunho mais reflexivo, mas estarão repletos de conteúdos vistos nas outras abas. Pretendo que os poemas sejam de minha autoria sempre, mas alguns poderão ser musicados com trechos de bandas que tenham em sua composição semelhanças com os assuntos.

E o que seria Pergaminho?

A área mais leitura complementar do blog, graphic novel, artigos científicos, opiniões de profissionais da área do assunto comentado, aparecem aqui. Devido a diversidade do conteúdo perante as formas de acesso, as coisas parecem meio misturadas, mas vão ficar bastante claras, com a percepção de que o material daqui é um complemento, aprofundamento do que foi comentado.

E o que seria Notação científica?

Aqui conterão alguns textos de minha autoria sobre determinada ciência. Procurarei passar o conhecimento de maneira clara, simples e repleta de analogias que podem não parecer formais, mas acabam por fazer muito sentido.

E o que seria Luneta radioativa?

Aqui serão postados filmes, vídeos, documentários que envolvam o assunto da semana. Com seus links para ver o online e/ou download. Também coloco quanto tempo o tem de execução, a qualidade do áudio, do vídeo e as devidas especificações.

6 de março de 2014

Decidi

Na sexta passada eu tive uma conversa surpresa com meu irmão...Ele me contou sobre as múltiplas motivações e desmotivações que teve em sua árdua escolha para a filosofia, um campo em que ele anda com grande maestria, me contara sobre isso devido a um desabafo meu sobre  o meu futuro...Porque? Porque eu queria ser cientista.

Dias antes eu havia lido um texto com dez motivos para não se tornar um cientista, grande parte deles abordava decepções financeiras e acerca de não reconhecimento...Geralmente eu não sou abalado por esse tipo de texto, mas meu ser estava tão quebrado, abalado, que o mais leve dos ventos se tornaria um furacão negro, com a força compressivamente destruidora de mil buracos negros supermassivos. Ele ( meu irmão) me aconselhava e dizia que isso era normal por eu não saber o que eu queria para minha vida, algumas lágrimas derramadas e com meus medos expostos, me despedi de meu irmão (Como agradeço sua colossal presença e compreensão meu irmão!) e me pus a estudar o mais cruel dos enigmas, a mais difícil das equações: Minha própria mente!

Envolto de arlequins diabólicos, serpentinas que me enforcavam em sua cegueira, dançarinas que me seduziam a loucura e meus pesadelos....Este fora meu carnaval onde a verdadeira festa era o meu sofrimento áureo.

No primeiro dia eu me desesperei. Não pensava em nada e tentava voltar ao passado para ver como eu me portava, como eu havia parado nessa situação. Eis que me lembrei.

Eu era um garoto tímido que escondia em falsas expressões de humor querendo esconder meu verdadeiro ser, além disso, eu possuía uma baixa auto-estima devido a minha aparência e isso me deixava cada vez mais abalado...Para piorar a situação toda tinha um fantasma em meu passado que voltava rondando por vez ou outra, ele se aliava a minha criação: fui criado com todos os luxos que uma criança de classe pobre sonha em ter se fosse de classe alta, brinquedos, roupas, tudo que se possa imaginar eu tinha, exceto um bem sentimental precioso que eu prefiro contar em outra postagem.

Meu desempenho escolar nunca foi ruim e eu não posso mentir. Nunca cheguei a ficar em recuperação em nenhuma disciplina e tão pouco a reprovar, não era o aluno modelo, mas não era nenhum desinteressado, as séries foram passando mais e mais e já no ensino médio eu me encontrava a beira de um vestibular, mas não tinha consciência de nada disso, eu corria em círculos e parecia nunca perceber isso. Frente a isso eu me lembro da primeira vez que ouvi a opinião de alguém de fora em relação à faculdade:

“Ah você gosta tanto de jogar... Deveria fazer computação...Nerds sempre fazem computação”

Eu nem sequer me achava nerd, mas ser o carinha estranho com óculos e aparelho que não vivia com uma namoradinha e bebia nos fins de semana em casas de forró, me rendia isso. Poxa mas computação parecia legal, por que não?

Passei então a inflar o peito com o mais rarefeito dos ares e dizer: quero fazer computação! Dá dinheiro e eu ainda posso ficar jogando.

O ensino médio era voraz, com disciplinas mais pesadas e com um cursinho à tarde (eu estudava em tese 12 horas por dia) eu só queria passar em computação, mas não sabia por que eu queria querer isso.

No final do segundo ano eu recebo uma bomba: minha rinite alergia evoluira como já esperado e se transformara numa conjuntivite alérgica, logo de inicio eu simplesmente não enxergava nada e todos os tipos de remédios me foram testados ( tenho seqüelas até hoje, e riscos maiores de câncer no futuro devido a eles), mas nada adiantou, para piorar meu olho inchava ( ainda incha, mas em grau muito menor) impossibilitando a visão e enfeiurando-me ainda mais. A melhor de todas as noticias é que me pálpebra estava começando a abrir e como conseqüência eu enfrentava duros sangramentos (hoje em níveis menores), de forma a chorar sangue. Um estudante pré-universitário com o órgão mais necessário prejudicado: a visão.

Aliado a essa saga de doenças eu ainda enfrentava o bullying de alguns “colegas” o que me depreciava ainda mais e só me desmotivava, ainda assim eu enfrentava a dura responsabilidade de entrar numa faculdade  (e que curso eu queria mesmo?) pois bem eu acabei entrando passei em Licenciatura em química no IFCE, mas por greves e pelo meu desinteresse em licenciatura ( na verdade isso vai se tornar um paradoxo mais adiante ), me fizeram estudar mais uma vez com mais calma e persistência, ao procurar outro curso eu encontrei matemática industrial, a grade parecia muito com computação e parecia ser algo inovador, por que não tentar? E me motivei de novo em ares com poucas partículas de oxigênio, iria tentar Matemática industrial. Consegui, entrei.

No segundo dia eu comecei a pensar no quanto eu mudei do inicio do curso até agora.

Desde o início do curso eu pude notar o quanto a liberdade da UFC era prazerosa, vindo de um colégio militar eu sempre tive uma veia revoltada em mim, seja aliada ao rock ou a minha não conformidade em aceitar ordens sem explicação ( chegou-se a tanto que no último ano do colégio eu usava anéis em todos os dedos de ambas as mãos ), na UFC não...Eu poderia ser quem eu quisesse ser, tinha a liberdade de camisa, cabelo grande, e por um tempo me deleitei disso ( que não se lembra da minha trança roxa-vermelha?), mas isso foi uma fase tão simplória que eu mesmo não notei seu cessar. Meu peso diminuía, minha postura mudava e eu simplesmente ia mudando com tudo isso, e as perguntas de matemática industrial ser o que eu queria iam me perturbando cada vez mais: eu sabia que gostava do curso, mas não queria trabalhar numa empresa... Tudo me aparentava tão monótono e repetitivo. Pensei em ser um pesquisador, mas minha família sempre me falava ( e fala):

“E não vai trabalhar não? Vai viver só de estudos?  E o dinheiro?”

Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro! Dinheiro!...Se quisesse certeza financeira eu faria um concurso público ou seria um ofical militar como tantos desses meus colegas são, mas isso me faria feliz? Eu tinha que fazer uma coisa com me proporcionasse rios de dinheiro mesmo que não fosse feliz? Não parecia estar vivendo minha triste infância de novo? Cheio de bens materiais e sem nenhuma alegria, que é o que realmente mantém o ser vivo ( já que bens materiais um dia vão embora)?

De segunda para domingo eu não me lembro quantas vezes acordei, mas devo ter fechado os olhos por pouco mais de 2 horas. No resto segui o brilho da escuridão da madrugada.

Na segunda eu já agonizava de sofrimento...Era o terceiro dia e eu ainda tinha muita coisa para analisar, haviam cartas na mesa mas nenhuma jogada em mente. O sono pareceu ter sido roubado de mim, como se Morfeu me tivesse castigado com a insônia como Prometeu fora com o fogo.

Parei e analisei as palavras que me foram ditas pelo meu grandíssimo irmão e pela minha linda Laresca, ainda assim parecia tudo turbulento e eu cheguei a ponto de não me enxergar, me sentir opaco, inútil. Eu havia saído do colégio como 5º melhor aluno de toda a turma, e isso não tinha nada a ser comemorado, eu havia sido promovido a major ( tão forte quanto papel de arroz frente a água) e isso parecia ser apenas um pedido de desculpas de ter sido acusado por certas coisas nas séries anteriores do colégio. Nada faria sentido, por que não findar logo isso? A visão cuestral de minha janela parecia tão mortalmente linda. Era fácil terminar isso ali mesmo, ninguém saberia e nem falta a ninguém eu faria.

Não consegui, agradeci ao medo instintivo que me protegeu de alguma catástrofe.

Eis que na madrugada do terceiro dia eu começava a ver as coisas com maior lucidez:
Por que eu deveria me prender ao passado de não ser um bom aluno? Afinal eu não era um aluno no mínimo tão capaz quanto os outros? Será que aquele lacrimejamento hemofílico de estudos não tinha significado nada? E os elogios que tantos me deram? Alguns viam de pessoas que eu realmente considerava, que eu realmente considero e que agradeço todos os dias ter conhecido, essas me conhecem tão profundamente... Seus elogios não poderiam ser baseados em areia e sal. Lembrei-me das vezes que uma ou duas palavras dos professores me levantavam, de quanto às pessoas se sentiam a vontade para me pedir ajuda. Eu significava alguma coisa... Por mais nulo que tentasse ser, ainda era um valor.

Meus pais me desmotivaram mais uma vez dizendo que eu ia me arrepender:

“Você é novo, quando chegar aos 30 vai perceber que precisa de uma coisa chamava aposentadoria!”

Mas se eu, com vinte anos pensasse em quanto possuir trinta, eu viveria dez anos em congelamento, e logo depois eu já deveria planejar em como vou querer me aposentar? A vida é curta a tal ponto de zerarmos todos os meios e pensarmos apenas em como ela tem que ser no futuro? Esperando que dinheiro compre alegria, vontade, paz? Isso não tem nenhum sentido.

No quarto dia eu comecei a juntar as coisas e perceber o quanto eu sou especial para mim mesmo... Eu não sou o mais culto dos sábios, sei pouco de pouco e talvez por saber que pouco sei, saiba um pouco mais daquele que supõe saber de algo a mais do que realmente sabe.

Eu me lembrava da excitação em ver as cadeiras do curso que eu já estou, foi um fato completamente marcado por aleatoriedades, mas que no final era o que eu tenho vocação em ser ( e para se ter vocação não é preciso tirar dez em todas as notas, é preciso apenas querer tirar dez). Lembrei que algumas pessoas me pedem ajuda e que se eu fui escolhido com um projeto de ajudar pessoas ( ainda considero ensinar uma palavra muito forte) com cálculo I, é por que possuo capacidade pra isso. E sinto uma felicidade enorme em ver que as duvidas são sanadas e que posso progredir com o conteúdo. Se até quem eu considero com o mais culto dos sábios, já disse que aprendeu muita coisa comigo, devo significar alguma coisa.

Eis que chega o quinto e último dia:

Pareço ter renascido ( ou finalmente ter sido parido) para a realidade, quero seguir a carreira acadêmica, pois o momento que eu mais me vejo bem é quanto estou estudando, seja Matemática, Programação, Química, Astronomia ou a mais nova aquisição de meu gostar pessoal: a Filosofia.

Parece que não vou ser um garanhão hexazilhonário ultra mega power blaster rico, mas eu não preciso disso... Eu só quero ter onde dormir, o que comer, uns trocados pra comprar uma bolsa furreca, outros trocados pra comprar xerox de alguns livros, não vou ser hipócrita em dizer que não quero algo um pouco mais caro, mas sei viver muito bem com o pouco que tenho (e que na verdade é muito mais que se imagina), do resto são perolas de pessoas maravilhosas que adentraram em minha vida e que eu não pretendo me desprender nunca mais.

Nesse quinto dia eu pus as ultimas idéias no lugar, e ao encontrar meus pais , respondi isso quando desejaram a conclusão da minha formação para que logo eu fosse trabalhar:

“Olha, eu vou falar de modo que vocês entendam: Eu quero ser um pesquisador, um cientista,por mais bobo que isso possa parecer na cabeça de vocês, poxa! Vocês são meus pais e eu só quero ser eu mesmo, isso é algum delito? Não quero que achem bonito, que aplaudam, que se orgulhem... Quero que respeitem. Eu só quero que vocês me apóiem, e mesmo que não me apóiem, me desculpem mas eu não vou desistir do meu sonho, ainda que eu reprove, que eu tire zeros, que eu chore, que eu grite e esbraveje de ódio, eu não vou desistir deste verdadeiro ducto que liga meu ser material a minha alma”

Eles continuaram falando, mas do contrário de todas as outras vezes, eu não me irritei, eu não me chateei, eu estava ocupado demais para isso, eu tava estudando...

O que eu quero dizer depois desse desabafo, é que você andarilho, não desista do seu sonho e mesmo que pareça não possuir nenhum, siga seu coração. Eu acredito em você ser feliz com seu sonho, demore o tanto que for pra encontrar, não tem problema e isso não te torna anormal. MAS QUANDO ENCONTRAR, NÃO O SOLTE NUNCA MAIS! LEU BEM? NUNCA MAIS!


Eu não sei o que você quer ser... Mas eu quero ser um cientista.

1 de março de 2014

Control Oito

Recuso-me... Rejeito-me... Não posso ser igual aos outros, tenho minhas características próprias e acabo sendo um universo inteiro dentro de um único ser, pois sou completo em toda minha incompletude defeituosa, com fragmentos imperceptíveis de qualidades e oceanos sangrando em defeitos, sou simplesmente eu... Não sou único apenas por me aceitar com atômico, assim sou por também concordar com todos os traços biologicamente restritivos: desde o desditoso desenho de minha iris defeituosa, porém minha, até a repulsiva marca digital que se propaga em meus dedos... Sou único como cada sol que ilumina a Terra, sou ainda tão singular como cada grito dado em um ato de fúria, cada riso solto em um punhado de alegria, sou unitário como o mais vazio dos conjuntos onde o único elemento a ser aceito é o próprio nada que o compõe... Imerso em sonhos rejeitados pelas desavenças da vida externa e da minha nebulosa mental, sua atitude comunitária agora me causa repulsa, seu plural me causa náusea como a mais fétida das amostras de metano. Isso por que sou único, por ignorar a relevância de uma pluralização, de uma mutualização paradoxalmente predatória. Sou único e desarranjadamente sem nexo, sem um sentido, mas ainda assim sou a mais bela das artes, pois nenhuma lógica se atreve a me domar ou estabelecer regras, quebrei essa algemas de conformidade em relação a massa, sou único como o olhar do irmão na atenção da conversa, sou único como a gota de chuva pingada, derramada, esquecida, maltratada, ignorada, não vivida. Sou apenas único em minha totalidade... Mas tenho duas mãos, ainda que singulares são constituintes da mesma coisa... Como meu braço... Pernas... Corpo... Sendo assim sou o resultado de inumeráveis átomos orgânicos que unidos formam um arranjo molecular levemente pensativo... Destinado a se cegar na singularidade... Sou só, único... Mas vivo com milhões de vidas dentro de mim ( biológicas ou espirituais ),  parasitas, vermes, lembranças, lagrimas e sorrisos, sou estranho... Como posso ser singular se sou tão preenchido de indivisíveis partes divisíveis? E todos esses fios de cabelos iguais um ao outro? E todos esses passos dados, seguindo a mesma cadencia repulsivamente militar? Sou tão exclusivo mas acabo por ser a junção de várias pequenas partes que findam em matéria negra... Ou seriam pequenas cordas?  Um incômodo deliciosamente duvidoso habita minha mente nesse momento... Sendo tão uno e tão vulgarmente um, acabo por voltar a ser um control três em plena área de transferência da área de trabalho da humanidade... Isso por que se não sou replica do outro ser sou na verdade, replica de mim mesmo. Código complicado, complicado, desastrado e debugado, singularmente.....Replicado

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